Quase fiquei com vergonha de enviar essa tirinha. O texto dela é sincero demais, e eu me sinto mesmo culpada por deixar as coisas do meu mundinho parecerem tão importantes diante das coisas graves do mundo real. Mas, ao mesmo tempo, sei que não posso evitar. Sou apenas humana, enxergo as coisas através dos meus dois olhos parciais e fatalmente ligados ao meu coração.
Um texto que me faz sentir exposta e vulnerável pedia uma ilustração que também transmitisse tudo isso. Por isso, as cores suaves, as linhas soltinhas (que eram rascunho e acabaram promovidas a arte-final) e a personagem grande, mas encolhida. Ocupando quase inteiramente esse universo de seis quadros, ela é imensa, praticamente um mundo todo. Mas, quando dói, a gente abraça os próprios braços e tenta voltar a ser pequeno, para ver se a dor também diminui.
Esse texto, como a maioria dos que depois viram quadrinhos, foi escrito há um tempinho e ficou lá, guardado nas notas do celular. Isso funciona bem demais para mim: retornar aos textos tristes quando o pior já passou me faz pensar sempre em como as coisas vêm e vão. A repetição me faz aprender. Vai ficando mais fácil resistir à minha tendência de afundar demais na tristeza, quando ela vem.
Como sempre, pode baixar e compartilhar as imagens! Só peço que dê meus créditos e, se possível, me marque ✨
Recomendo
✸ Este trecho do poema Rotina, de Raquel Lima, que li no Mulheres que Escrevem e achei que casava com a tirinha de hoje:
"têm-me doído os maxilares uma pressão quando bocejo chega ao limite da minha boca talvez os dentes do siso confirmem o tão esperado juízo algo cresce na minha cabeça nasci armadilhada com um cérebro tem sido a loucura manter-me sã e pensar ao mesmo tempo o meu nariz sangra a bomba explodiu no interior espero que sim para acabar com esta rotina."
✸ O classicão do terror Suspiria (1977), dirigido por Dario Argento, que está disponível no Prime Video (não confundir com o remake de 2018! Esse eu não assisti).
Preciso confessar aqui que adoro um terrorzinho, mas morro de medo. Por isso, só assisto filmes antigos, com efeitos especiais não muito convincentes para os padrões atuais — mas que, justamente pelas restrições tecnológicas da época, são tão criativos que fascinam. E nisso, Suspiria manda bem demais.
A história gira em torno de estranhas mortes em uma academia de dança alemã e é contada através de cenários Art Nouveau super coloridos, uma trilha sonora de rock progressivo e muito sangue falso e gritaria. Um verdadeiro pesadelo em technicolor.
Uma das muitas cenas de Suspiria que me fez sentir que estava assistindo a um episódio de Twin Peaks.
✸ Conhecer as iniciativas open access do Getty Museum, Smithsonian Institution e Met Musem. Se tratam de seleções de obras de arte dessas instituições que estão em domínio público e foram disponibilizadas para uso irrestrito sob a licença Creative Commons Zero. Ou seja, são inúmeras obras em alta resolução que podem ser baixadas, editadas e usadas para qualquer fim, inclusive comercial! Ótimo para quem quer fazer colagens ou ilustrar publicações sem infringir direitos autorais de ninguém.
Lucretia (1627), da brabona Artemisia Gentileschi, é uma das obras do Getty Musem liberadas para uso. A qualidade da imagem disponibilizada pelo museu é tão cabulosa que dá para ver até as rachaduras fininhas que o tempo fez na pintura.
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Até a próxima,
Laura.
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Mas, as coisas e as dores do seu mundinho sãos sim importantes! Talvez os problemas do mundo planeta seriam mais facilmente resolvidos se os problemas de todos os nossos mundinhos não fossem tão ignorados ou diminuídos. Que bom que compartilhou!
que lindeza 😭🤍